Em relação a artigos do vereador Petterson Prado de Campinas/PPS, publicados na Imprensa da Região de Campinas, a Coordenação Estadual de DST/Aids de São Paulo vem esclarecer que:

Os profissionais da área da saúde que atendem portadores de HIV/aids desde o início da epidemia, não têm a menor dúvida em relação aos benefícios que os medicamentos antirretrovirais vem proporcionando aos pacientes. A redução dramática da taxa de mortalidade no Estado de São Paulo, de 22,9 em 1996 para 8,0/100 mil habitantes em 2007, e a melhoria expressiva da qualidade de vida dos pacientes em tratamento, são provas indubitáveis dos seus benefícios.

Como qualquer remédio, mesmo uma simples aspirina, existem efeitos colaterais de curto e longo prazo, porém nada se compara ao quadro desolador do passado quando invariavelmente todos pacientes morriam com infecções oportunistas em um curto período de tempo.
Há uma absoluta convicção na comunidade científica internacional que a relação custo/benefício do tratamento quando relacionados aos efeitos adversos é indiscutivelmente positiva. Atualmente, a aids é uma doença crônica e controlável graças aos antirretrovirais e, todo esforço é dispendido na tentativa de fazer o diagnóstico precoce a fim de se iniciar o tratamento no momento adequado, antes que o paciente adoeça devido à imunodepressão.

Quanto à liberação desses medicamentos, todo o rigor científico é observado através de estudos clínicos controlados e em consonância com os comitês de ética médica e órgãos reguladores nacionais e internacionais, como a Anvisa e a Organização Mundial da Saúde, ou seja, nenhum estudo poderá ferir os princípios da ética e segurança estabelecidos com o intuito de proteger os pacientes.

No momento dispomos de 18 medicamentos antirretrovirais e entre eles, o AZT, continua sendo um dos mais indicados e prescritos pelos infectologistas, uma vez que encontra-se como primeira opção de combinação dentro do Consenso Brasileiro em Terapia Antirretroviral, norma oficial do Ministério da Saúde que orienta os profissionais de saúde no acompanhamento dos portadores de HIV/Aids. Graças aos antirretrovirais a sobrevida mediana de 5.1 meses em 1982 e 1989 (Chequer,1992), passou para 108 meses entre 1998-1999, nas regiões sudeste e sul do País (Guibu,I.; Barros, M.B.A.; Cordeiro,M.R.D.; Alves, M.C.G.P.; Tayra,A, 2008).

Adicionalmente, vale lembrar que o AZT tem sido essencial para a prevenção da transmissão vertical do HIV (mãe para filho). Seu uso sistemático promoveu a queda de casos dessa categoria de transmissão de quase cinco vezes: de 418 casos em 1997 para 84, em 2006.

Dra. Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo. E-mail: mariaclara@crt.saude.sp.gov.br